O que queremos? Parar de procrastinar. Quando queremos? Amanhã.

Esta semana tivemos uma aula sobre perfis comportamentais, com o empresário, escritor e mentor Pedro Stivalli. A forma explicada foi bem diferente das que estávamos acostumados, e isso nos enriqueceu muito. Ao final da aula, uma das mentoradas nos perguntou: Pessoal, procrastinação se encaixa em qual perfil comportamental? Eu respondi: no perfil “ser humano” e ri. O ser humano procrastina por natureza, e existem uma série de fatores que fazem com que ele utilize a lista de prioridades dele, de cabeça para baixo, ou seja, dá prioridade ao que não precisa, porque é prazeroso e deixa pra depois o que precisa ser feito agora.

Confesso, porém, que não me senti totalmente confortável com a resposta que dei, pois embora seja essa a verdade, senti a necessidade de ir mais a fundo sobre o tema e resolvi trazer pra todos, uma resposta um pouco mais completa.

Procrastinação é o mau hábito de deixar pra depois de amanhã o que deveria ter sido feito antes de ontem, segundo Napoleon Hill, ou fazer agora o que não é importante segundo eu mesmo.

Existem 4 raízes que causam a procrastinação:

1ª Raiz: Expectativas negativas. Você olha pro futuro e vê algo ruim. Pior ainda, quando se tem uma mentalidade fixa, o chamado mindset fixo, é a tão conhecida no Brasil, “síndrome de Gabriela”, eu nasci assim, vou ser sempre assim; então junta o mindset fixo, que é o pensamento de que as coisas não mudam, somados a uma expectativa negativa e… toma-lhe ansiedade! A pessoa vive ansiosa porque pensa que o pior vai acontecer. Perceba que a ansiedade é irmã do medo, uma coisa sem fundamento, medo do que não se conhece. No livro “Why Zebras Don’t Get Ulcers”, em português, “Porque as zebras não tem úlcera”, o autor aborda justamente isso, os animais não tem ansiedade, não pensam no amanhã, não tem medo do futuro. O homem é o único animal capaz de manter o seu pensamento em temas do passado ou situações futuras por toda a existência. O que não é natural para a raça humana é a sensação de ameaça constante, criada por um fenômeno de antecipação; quando nos preocupamos com coisas que ainda nem aconteceram e talvez nem aconteçam, porque o nosso organismo não aguenta adrenalina e cortisol 24h por dia.

2ª Raiz: Nível de engajamento com aquilo que precisa ser feito. As pessoas acham que motivação é entusiasmo. A pessoa procrastina por não estar engajada. Acham que as coisas da vida devem ser gostosas o tempo todo. No trabalho terá desafios, chefes difíceis, projetos entediantes. Querem estudar e acham que terão o tempo todo aulas empolgantes, que lerão livros entusiasmantes, mas nem sempre será assim. Tudo tem momentos entediantes, sacais, rudes, difíceis e até alegres e empolgantes. Daí as pessoas, especialmente jovens, ficam emendando uma balada na outra, uma paixão na outra e reclamam que a vida não tem sentido. Não pensam que pra encontrar sentido precisam construir algo de valor e pra construírem algo de valor, precisam abrir mão de muitas coisas e isso é muito difícil pra quem acha que está perdendo tempo, afinal, nas redes sociais vendem-se tantas fórmulas fáceis e milagrosas, por que eles deveria passar por um processo? Vou te dizer uma coisa: Processos são divinos!

3ª Raiz: Impulsividade. A pessoa quando é impulsiva faz o que dá na telha e quando dá na telha. Elas agem por impulsos imediatos; são governadas por impulsos de momento. Acordam com o pé direito e fazem, no outro dia acordam com o pé esquerdo e param. Começam e terminam as coisas apenas por impulso, mas não tem consistência. Também conhecidos como “fogo de palha”.

4ª Raiz: Perfeccionismo. O perfeccionista quer a coisa tão perfeita que paralisa; procrastina porque não dá continuidade enquanto as coisas não estiverem do jeito que ela acha que deveria sair, ou seja, perfeitas. Entenda que perfeccionismo é diferente de excelência, de capricho. O perfeccionismo é a autocobrança e quando somada a cobrança de quem está próximo, é toxico e autodestrutivo. A excelência é olhar para o projeto de vida e saber que precisa passar pelo processo e fazer suas entregas para alcança-lo. Tem uma frase que diz que “feito é melhor que perfeito”, justamente para quebrar o perfeccionismo e andar ao invés de estacionar.

A melhor pergunta a se fazer para não procrastinar diante do que precisa ser feito é:

Se eu fizer isso, irei me aproximar ou me distanciar do mundo que eu quero pra mim? Se a resposta for, me aproximar, FAÇA JÁ.

Pense nisso, faça já!