Os transtornos na educação causados pelo vírus deixaram milhões de crianças em risco de “pobreza na aprendizagem”
Isso significa a incapacidade de ler e compreender um texto simples aos 10 anos de idade.
Em debate para promover uma recuperação mais inclusiva a Diretora-gerente do FMI explica como promover avanço econômico sustentável no pós pandemia.
Novas estimativas sugerem que até 100 milhões de pessoas no mundo inteiro poderiam ser empurradas para a pobreza extrema, eliminando todos os progressos obtidos nos últimos três anos na diminuição da pobreza.
por isso que as autoridades terão que fazer tudo o que estiver ao seu alcance para promover uma recuperação mais inclusiva, que beneficie todos os segmentos da sociedade.
Nos estudos mais recente, elaborado em parcerias com o Banco Mundial para o G20, analisa qual a melhor forma de aumentar o acesso das pessoas às oportunidades, não importa quem sejam ou onde estejam.
Segundo estimativas da ONU, mais de meio bilhão de crianças no mundo inteiro perderam o acesso à educação por causa das medidas de isolamento tomadas para combater o coronavírus.
Sabemos por experiência própria, e a partir das análises recentes do FMI, que as grandes epidemias muitas vezes exacerbam a desigualdade de renda já existente.
boa notícia é que os governos de todo o mundo lançaram mão de medidas extraordinárias de políticas para salvar vidas e proteger meios de subsistência, com esforços redobrados para proteger os pobres;
É evidente que ampliar o acesso a oportunidades é hoje mais crítico do que nunca se quisermos evitar o aumento persistente da desigualdade.
Sabemos pela experiência da crise financeira mundial que o aumento da desigualdade tende a ser maior nos países que registram as maiores perdas do produto em relação à tendência pré-crise.
Precisaremos de um impulso similar nas reformas e nos investimentos durante a fase de recuperação para melhorar consideravelmente as perspectivas econômicas dos mais vulneráveis.
Alguns países poderiam também expandir o acesso a cuidados infantis de alta qualidade, que podem estimular a participação feminina na força de trabalho e o crescimento a longo prazo.
Mas como podemos elevar de forma significativa os gastos quando tantos países enfrentam hoje altos níveis da dívida pública?
FMI e o Banco Mundial defenderam a suspensão do serviço da dívida como uma medida de efeito imediato para os países que não dispõem de recursos financeiros para reagir adequadamente à crise.
O G20 concordou em suspender o pagamento da dívida oficial bilateral dos países mais pobres, de 1 o de maio até o final de 2020.
Há margem também para reformas tributárias: por exemplo, algumas economias avançadas e emergentes poderiam elevar as alíquotas superiores do imposto de renda pessoa física sem prejudicar o crescimento.
Os países poderiam assegurar que o regime de tributação das empresas captura uma parcela apropriada dos ganhos extraordinários auferidos pelos “vencedores” da crise, incluindo, talvez, os provenientes de atividades digitais.
Os transtornos na educação causados pelo vírus deixaram milhões de crianças em risco de “pobreza na aprendizagem”, que significa a incapacidade de ler e compreender um texto simples aos 10 anos de idade.
A pobreza na aprendizagem já é excessivamente elevada nos mercados emergentes e países em desenvolvimento por causa do baixo índice de acesso à educação de qualidade.
Um aumento de 10 pontos no coeficiente de Gini de um país (foram observados aumentos dessa magnitude em algumas economias durante a crise financeira mundial) está associado a um rendimento escolar consideravelmente inferior, uma defasagem de cerca de meio ano.
É por este motivo que precisamos investir mais em educação – não apenas gastar mais em escolas e no aprendizado à distância, mas também melhorar a qualidadeda educação e o acesso a oportunidades de aprendizado e requalificação por toda a vida.
Simulações com base em um modelo que reflete uma economia como a do Brasil mostram que reduzir a brecha de rendimento escolar em um quarto em relação à média da OCDE poderia dar um impulso de mais de 14% na produção econômica.
Uma prioridade básica será ampliar o acesso das famílias de baixa renda e das pequenas empresas aos produtos financeiros, o que possibilitará às famílias alisar o consumo diante de choques e às empresas realizar investimentos produtivos.
Esta “revolução da inclusão” está hoje ganhando impulso, com os governos a mobilizar um volume recorde de recursos para fornecer auxílio emergencial na forma de transferência de renda.
Basta lembrar que cerca de dois terços de todos os adultos não bancarizados (1,1 bilhão de pessoas) têm telefone celular, e um quarto deles tem acesso à internet.
O uso de contas bancárias para efetuar pagamentos rotineiros do governo aos cidadãos poderia reduzir em 100 milhões em todo o mundo o número de adultos sem conta bancária, e as oportunidades são ainda maiores no setor privado.
E estimamos que existe uma diferença de 2 a 3 pontos percentuais do PIB no crescimento a longo prazo entre os países com inclusão financeira e seus pares menos inclusivos.
Somente uma ajuda aos grupos vulneráveis por meio de assistência técnica prática, assessoramento em políticas e programas de financiamento, para atribuir mais ênfase a questões ligadas aos gastos sociais, como saúde, educação e redes de proteção.
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