Para conscientizar adolescentes acerca do contexto da violência, a equipe do Centro de Especialidade para Atenção às Pessoas em Situação de Violência Sexual, Familiar e Doméstica (Cepav Flor do Cerrado), localizado no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), realizou, nesta terça-feira (25), uma conversa com os estudantes do Centro de Ensino Médio 404 de Santa Maria. O objetivo foi divulgar o trabalho do Cepav e da Rede Flores de Proteção, destacando seu papel no combate à violência, além de debater com os estudantes os vários tipos de violência para que eles tomem conhecimento e disseminem entre as pessoas de seu convívio.
“A rede de apoio às pessoas em situação de violência não é apenas o Cepav e as unidades básicas de saúde. Temos as escolas, Conselho Tutelar e outros órgãos da Justiça. Queremos conscientizar e prevenir todos os adolescentes sobre assédio e violência sexual, explicando os tipos de violência, como identificá-las e como denunciá-las”, explica o chefe do Cepav Flor do Cerrado, Ronaldo Lima Coutinho.

O objetivo da conversa foi divulgar o trabalho do Cepav e da Rede Flores de Proteção, destacando seu papel no combate à violência, além de orientar os estudantes sobre prevenção e denúncia de casos de violência | Fotos: Divulgação/IgesDF
A conversa com os estudantes entre 15 e 18 anos destacou que a violência pode ser psicológica, física, sexual, patrimonial, moral, doméstica e até mesmo virtual. Também foi explicado o estupro de vulnerável, pois é crime ter conjunção carnal ou praticar qualquer ato libidinoso com menores de 14 anos.
“Recebemos muitos casos de meninas com 11 ou 12 anos grávidas, abusadas sexualmente e isso não pode acontecer. Todos precisam saber que menor de 14 anos não pode ter relações sexuais. Além da violência sexual, existe a psicológica, o bullying, que acontece muito dentro do ambiente escolar e que deve ser prevenido. Então, certas situações consideradas brincadeiras podem constranger os colegas ou as colegas”, destaca.
Durante a conversa, realizada pelo Cepav Flor do Cerrado em parceria com a UBS 1 de Santa Maria, foi realizada uma dinâmica com mitos e verdades sobre violência, em que os profissionais abordavam situações hipotéticas de várias situações que podem ocorrer no dia a dia e que se configuram violência, além de um bate-papo para esclarecer as dúvidas dos adolescentes.
Traumas para a vida inteira
Segundo o farmacêutico Alan Cristian, da UBS 1 de Santa Maria, há muitos relatos de violência que chegam até as equipes de Saúde da Família da unidade e, por isso, momentos de conscientização são tão importantes para tentar prevenir abusos sexuais na infância e adolescência.

A conversa com os estudantes entre 15 e 18 anos destacou que a violência pode ser psicológica, física, sexual, patrimonial, moral, doméstica e até mesmo virtual
“A gente percebe que muitos pacientes passaram por alguma violência durante a infância, durante a adolescência, e infelizmente eles carregam danos irreversíveis em seu psicológico. São danos físicos e emocionais”, afirma.
De acordo com Alan, essas pessoas que sofreram algum tipo de violência no passado carregam cicatrizes ao longo da vida e isso reflete até na forma como elas se enxergam e como lidam e se relacionam com outras pessoas. Por conta do alto número de casos que chegam até a UBS 1 de Santa Maria, eles decidiram se juntar com o Cepav Flor do Cerrado para fazer esse trabalho de conscientização com os adolescentes.
“Lá na UBS 1 de Santa Maria, fizemos um grupo de mulheres para conseguir atender as demandas emocionais. Infelizmente, percebemos que boa parte delas havia sofrido algum tipo de violência, seja física, psicológica ou sexual, na infância. Então, viemos trabalhar sobre essa temática aqui no colégio para que a gente consiga também disseminar esse conhecimento, levando essas ações para outras escolas também”, informa o farmacêutico.
A estudante Jhennifer Rodrigues, de 16 anos, diz que gostou muito da palestra, principalmente da parte em que foi explicado sobre o compartilhamento de fotos pela internet e a violência sexual virtual. “São temas importantes para falar e conscientizar todo mundo sobre o assunto. Eu já tenho uma boa orientação da minha família sobre violência, mas tudo que a gente aprende um pouco mais pode ser repassado para frente”, avalia.
Atendimentos
O Cepav Flor do Cerrado funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 12h e das 13h às 18h, e possui atendimento de porta aberta, ou seja, não só pessoas com encaminhamento, mas, também, por demanda espontânea. A forma de acesso é segura e sigilosa.
Ronaldo explica que hoje, a maioria dos casos que chegam até o Cepav Flor do Cerrado é de violência doméstica contra mulheres, crianças e adolescentes. “Temos uma equipe altamente qualificada com abordagem biopsicossocial, compreendendo as dimensões biológicas, psicológicas e sociais de quem busca atendimento”, diz. A equipe é formada por profissionais das áreas de enfermagem, psicologia, assistência social, psiquiatria e pediatria.
Qualquer vítima de violência, seja ela física, sexual ou doméstica, recebe o acolhimento e o acompanhamento biopsicossocial. Além disso, todas as orientações quanto ao sistema de proteção e segurança são repassadas. A unidade é referência para as moradoras de Santa Maria e do Entorno.
*Com informações do IgesDF